quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

NOSSA SENHORA DE CASALUCE

NOSSA SENHORA DE CASALUCE

Segundo antiga tradição, a imagem da Virgem Maria pintada por São Lucas teria sido encontrada na Terra Santa pelo Vice-Rei de Jerusalém, Rogério Sanseverino, em meados do século XIII, o qual a mandou de presente a Carlos II, rei da Sicília. Este, por sua vez, legou a sagrada relíquia a seu filho, São Ludovico, que, devendo partir para a Espanha, a confiou ao seu padrinho Raimundo del Balzo, Conde de Spoleto e Barão de Casaluce, para que ele colocasse a preciosa pintura na igreja de seu castelo.

Nossa Senhora de Casaluce
Aconteceu que São Raimundo, nomeado bispo de Tolosa, faleceu prematuramente e Raimundo del Balzo, em 1295, confiou a guarda da veneranda imagem aos padres Celestinos, com os quais tinha vínculos de amizade, cedendo-lhes a propriedade do castelo de Casaluce, assim como de todos os objetos que ali se encontravam.
Como esta localidade, situada no sul da Itália, durante o verão era atacada pela malária, os padres deixavam Casaluce e iam para Aversa, levando consigo a pintura da Mãe de Deus, que colocavam no templo anexo ao seu convento.
Com o passar do tempo, desenvolveu-se o hábito de levar a imagem para Aversa em ocasiões especiais, como por exemplo nas calamidades públicas. Este costume foi a causa de constantes atritos entre Casaluce e Aversa, que não chegaram a um acordo sobre as transladações extraordinárias da Sagrada Efígie. Os distúrbios chegaram a tal ponto que foi necessária a intervenção das autoridades públicas.
Em 1744, um decreto do rei Carlos III de Nápoles confirmou a presença da Santa Imagem em Aversa para os tradicionais dois meses e fixou também as ocasiões especiais para o seu traslado.
Durante o domínio napoleônico em 1807, a Ordem dos Celestinos foi abolida por decreto imperial e seus bens foram confiscados. Assim as sedes paroquiais de Casaluce e Aversa foram transferidas para antigas igrejas dos padres Celestinos. O mesmo decreto confiava aos respectivos vigários a perpetuação do culto à Madona de pele morena.
O primeiro ato desta troca de guarda da custódia da Imagem foi o acordo entre os dois Párocos em ter exposta a imagem nas respectivas igrejas paroquiais por igual espaço de tempo: seis meses em cada uma. Tal acordo durou 46 anos.
As questões recomeçaram em 1852 por causa da confecção do primeiro andor de prata, no qual se transportava a imagem. Cinco anos depois, nova resolução determinava que a Santa permaneceria em Aversa de 15 de junho a 15 de outubro, ficando o resto do ano em Casaluce, mas com a condição de que Aversa construísse um novo andor de prata mais bonito e suntuoso que o primeiro. Este segundo andor ficou pronto em 1858. Serenados os ânimos, desta data em diante a imagem de Maria Santíssima de Casaluce passa e repassa entre os dois povos.
A imagem foi coroada duas vezes. A primeira, em 1801, pelo bispo diocesano Dom Francesco del Tufo, auxiliado pelos padres celestinos. A segunda coroação ocorreu em 1901, celebrando a data centenária da primeira coroação. Ofereceu-se à Virgem uma nova coroa, mais bonita e mais artística, executada pelos ourives napolitanos Sodo e coube a Dom Francesco Vento o privilégio de coroá-la.
No final do século XIX, os imigrantes italianos, concentraram-se no bairro do Brás em São Paulo. Os Napolitanos instalaram-se preferencialmente na rua Caetano Pinto e aí revelaram a devoção à Casaluce. Eles trouxeram uma réplica do quadro, cuja a cópia fiel da imagem da santa se encontra na Itália. Fundaram então, a igreja em 1900 e continuaram ligados assim, mais fortemente à terra natal; até hoje, no mundo inteiro, só existem duas igrejas dedicadas à N.Sra. de Casaluce, a de Nápoles e a de São Paulo. Através desse sentimento religioso, nasceu a primeira festa italiana de São Paulo, com comidas típicas, muita música e alegria. Inúmeros são os milagres de N.Sra. de Casaluce. O povo vem agradecer a intercessão da Mãe de Jesus pelas graças recebidas e pedir sempre. "Peça à Mãe de Deus que o Filho atende".

Oração a Nossa Senhora de Casaluce

Ó Nossa Senhora de Casaluce, que sempre
protegestes este povo, volvei benigna, o vosso
olhar sobre nós que invocamos vosso auxílio.
Quantos perigos, ó Mãe, nos ameaçam! Quantas
desgraças nos amedrontam! Quantos inimigos nos
assaltam de todo o lado!
Mas Vós, que sois poderosa e piedosa, Vós que
sempre estais no meio de nós, homenageada qual
Rainha, invocada com sentimentos de ternura,
como mãe, sorri-nos e protegei-nos .
Quando vos convocamos e não fomos por Vós,
atendidos? Virgem Santa de Casaluce, conosco,
que somos o vosso povo escolhido e favorecido,
mostrai-vos sempre Mãe; protegei todos os que
estão perto de Vós, lembrai-vos daqueles que
moram longe e elevam a Vós a sua prece.
Nós colocamos em Vós toda a nossa confiança.
Socorrei-nos na vida e na morte e no tempo da
eternidade. Assim seja.

Fonte:


Nilza Botelho Megale, "Invocações da Virgem Maria no Brasil", Ed. Vozes, 1998, pp. 140-143.

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