quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

NOSSA SENHORA DA CHINA

NOSSA SENHORA DA CHINA

Há dois santuários marianos nacionalmente famosos na China, Dong Lu em Boading e Sheshan em Shangai. O Santuário de Nossa Senhora de Sheshan em Shangai está sob o controle da Associação Patriótica (a Igreja católica nacional infiel ao Papa), o Santuário a Dong Lu permanece firmemente com Igreja Católica Romana, chamada "Igreja Subterrânea". Católicos, desde 1924, viajaram todos os maio de todas as áreas de China para Dong Lu rezar antes da Mãe Santificada de Cristo, exceto durante a Revolução Cultural.

Nossa Senhora da China
Nossa Senhora da China,
Rogai por nós que recorremos a Vós!

NOSSA SENHORA DE DONG LU

Relato de uma peregrinação em maio de 1994

A devoção à Nossa Senhora começou na aldeia de Dong Lu em 1900. Todos os anos, centenas de milhares de peregrinos vêm rezar diante de Nossa Senhora de Dong Lu.
Durante o mês de maio de 1994 todas as estradas que conduzem a Dong Lu foram fechadas pelo governo. Não apenas isto. Em todas as vias de acesso para Dong Lu e cidades vizinhas foram colocadas barreiras. Ali só podiam passar quem era identificado pelas autoridades como "não-católico". Assim mesmo vieram pessoas de todas as partes do país. Vieram a pé ou de bicicletas, em automóveis e caminhões, através de caminhos pouco conhecidos para evitar a repressão do governo.
Vieram à " Colina da Mãe " para rezar. Nos lados da estátua escreveram dois versos. Em um lado lê-se: "A cabeça da serpente é esmagada. Debaixo de que pés foi derrotada "? No outro lado: " Meu filho, por que você está amedrontado? Sua mãe está a seu lado".
Em outra parede, havia um enorme aviso anunciando o atentado sofrido pelo Papa na praça São Pedro, em Roma, e pedindo orações e sacrifícios pela recuperação dele.
Dezenas de milhares de pessoas ajoelharam-se diante da imagem com as mãos colocadas sobre o peito. Depois de uma longa repressão do governo comunista, os católicos não puderam controlar a emoção, seu amor a Maria Santíssima. Muitos choraram copiosamente porque finalmente podiam ajoelhar-se aos pés da Mãe Santíssima, após quarenta anos de perseguições. E suplicaram: Querida Mãe, conceda-nos coragem para prosseguir nossa luta. Nós te pedimos: cuida da Igreja na China e salva-nos".
Muitos tocaram a imagem com seus rosários e quadros de santos. Estes objetos religiosos se transformaram em algo de valor inestimável. Jovens, anciãos, inválidos, fracos e fortes, todos unidos no amor à Mãe de Jesus. Havia pessoas de todas as idades. Era possível ver-se um mar de gente ajoelhada e rezando, ninguém distraído ou conversando. Uma senhora e uma criança ajoelham-se diante da imagem. Abraçada a seu filho, a mulher chora. Próximo dela um senhor de meia idade. Ele também rezava e chorava. Depois de tanta perseguição eles encontravam consolo em Maria. Ofereciam seus sacrifícios para o futuro da Igreja Católica Romana na China, pelo Santo Padre e pela Igreja Universal. Eles estavam muito felizes por ter chegado à Colina de Maria mesmo com tantos riscos pessoais e sacrifícios financeiros
O dia 24 de maio é o dia da festa mariana mais importante da China. O céu estava nublado. Começou a chuviscar. A Igreja subterrânea não tem nenhuma igreja em Dong Lu. A Missa era ao ar livre. Por volta das oito horas da manhã, a procissão para a Missa Santa estava começando. Quatro bispos e aproximadamente 120 padres que chegam das dioceses subterrâneas da China concelebraram a Missa, que teve como celebrante principal Dom Su Chi-Min, bispo auxiliar de Baoding. A procissão também incluiu mais de 100 seminaristas, 200 freiras, muitos diáconos e seminaristas do curso secundário. Os chuviscos se tornam uma chuva pesada. A procissão continuou. Nada poderia parar a devoção deste povo para com sua santa Mãe.
Imagine a cena. Havia mais de cinqüenta mil peregrinos. Poucos traziam guarda-chuvas. A maioria cobre-se com um pedaço de folha de vinil. Quando viram os padres, seminaristas e freiras no meio da chuva sem nada para cobri-los eles se empurraram tentando oferecer para qualquer proteção que seus guarda-chuvas ou vinil pudessem trazer. Em poucos minutos todos estavam molhados e empapados. Mas, com o seu espírito elevado, andavam e cantavam na chuva. Eles estavam empapados no amor de Nossa Senhora e na graça de Deus. Esta chuva limpou-lhes a alma. Com vigor renovado e determinação, unidos como Igreja clandestina e leal, eles marchavam contra a tempestade de perseguição. Nenhuma tempestade poderia detê-los na marcha. Nenhuma perseguição poderia esmagá-los. Após a tempestade virão dias ensolarados.
A Missa começou. Todos se ajoelharam na lama, mais de cinqüenta mil fiéis, ao som de hinos e orações. Comecei a pensar na história da Igreja na China: da perseguição da Igreja na dinastia de Qing para o regime comunista atual, a Associação Patriótica cismática, o encarceramento e tortura de bispos, padres, freiras, e fiéis, os milhares dos mártires, a destruição e confisco das propriedades de Igreja, a proibição para atividades religiosas! Todos ali testemunhavam que a Igreja católica romana está gemendo debaixo da perseguição do governo comunista, suplicando a misericórdia de Deus.
Aquela missa do dia 24 de maio de 1994 continua. A história da luta da Igreja na China é como uma Missa oferecida à Senhora de China e aceita pelo Deus misericordioso. Depois da tempestade da perseguição, com as sementes de martírio, a Igreja na China rebrotará com nova vitalidade.
Nossa Senhora de Dong Lu,
Rogai por nós que recorremos a Vós!

NOSSA SENHORA DE SHESHAN

A 50 km de Sanghai, na China, encontra-se Sheshan. Graças à beleza da paisagem e a seu clima temperado, a colina de Sheshan é um lugar de grande atração turística. No século XVIII, dois imperadores saíram de Pequim especialmente para visitar esta localidade. Um deles, o famoso Kangxi, deu-lhe o nome de "Montanha do bambu verde". Título muito apropriado, pois a colina vive coberta desta vegetação. A pintura chinesa de todas as épocas a reproduz tão graciosamente e os brotos do bambu são particularmente apreciados neste antigo povoado.
A evangelização chegou a Sheshan em 1844. Os primeiros missionários aí construíram uma casa com cinco cômodos, reservando um deles como capela e os outros como locais de descanso. Em 1864 um religioso chinês construiu sobre a colina um quiosque hexagonal, no qual depositou uma imagem da Virgem Maria pintada por ele e venerada como "Auxiliadora dos Cristãos". A devoção à Virgem de Sheshan, "Auxiliadora dos Cristãos", difundiu-se então por toda a região sendo celebrada anualmente no dia 24 de maio.
Atualmente há em Sheshan duas igrejas: uma, no meio da colina e outra, no alto. Esta última foi construída em 1873 e reconstruída em 1925. Possui uma torre de 33 metros de altura, em cuja parte superior havia uma estátua da Virgem que segurava o Menino Jesus. O Filho, com os braços abertos em atitude de bênção formava no conjunto a idéia de uma grande cruz elevada sobre a China.
A igreja situada na metade da colina foi construída em 1894. Nas laterais da entrada há duas inscrições. Uma diz: "A capelinha encontra-se à metade da colina; façamos uma parada para acrescentar nosso afeto filial à Virgem". A outra inscrição reza: "A igreja maior encontra-se no alto da colina; subamos para implorar a bênção da Mãe afetuosa".
Há muitos canais na região de Sheshan. Os numerosos pescadores que vivem em suas embarcações são em sua maioria piedosos católicos. Anualmente, no mês de maio vão em peregrinação ao santuário e a eles se unem outros peregrinos de diversas partes da China.
A propósito, a revista "Ave Maria" publicou em sua edição de 15 de setembro de 1981 uma matéria anônima intitulada "China - depois de trinta anos, grandiosa Romaria Mariana", traduzida da revista italiana "Madre di Dio", que reproduzimos abaixo. No texto, Nossa Senhora de Sheshan é chamada de "Nossa Senhora de Zozé". Nossa ignorância a respeito do idioma chinês impede-nos de explicar porque o articulista emprega este outro nome. Mas, pela descrição, trata-se do mesmo título mariano.
"Os protagonistas deste acontecimento, que provocou muito barulho, não somente na China, mas em todo mundo, foram os pescadores da região de Shangai que, com uma pitoresca marcha sobre barcas, deram vida novamente ao Santuário de Zozé.
Na imensa planície de Shangai, cheia de canais e barcas de pescadores, desponta uma colina. No século passado, os missionários jesuítas edificaram uma capela. Posteriormente, pelos anos trinta foi construído um grande Santuário Mariano sobre o ponto mais alto da colina: a Basílica de Nossa Senhora de Zozé. Construíram também um observatório que, confiscado pelo governo, funciona ainda hoje.
Os católicos chineses, servindo-se de centenas de barcas, costumavam subir em romaria ao santuário de Nossa Senhora. Mas desde 1949 tudo desapareceu; as duas igrejas foram esvaziadas e trancadas; a via-sacra, que serpenteava desde a planície até o alto, fora destruída a picareta, e o mato cobre o que era um caminho. Mas eis que no mês de março (1980) aconteceu alguma coisa de incrível, tanto que se falava até em milagre.
Já no ano passado corria a notícia de que foram vistas luzes estranhas sobre o monte e que reapareceram no dia 15 de março. E também em outras partes da China acontecera o aparecimento de Nossa Senhora recomendando o Rosário. Os próprios jornais do Estado, para desmentir as notícias, contribuíram para com a sua difusão, e tanto que na ocasião fora organizada uma romaria espontaneamente, durante três dias. A notícia chegou ao Ocidente por acaso, por meio de um homem de negócios que participara da mesma romaria. E logo depois outras fontes de informação vieram confirmar os fatos.
Desde o dia 11 de março, mais de 140 barcas de pescadores já tinham chegado aos pés da colina, e vieram de longe. Eu cheguei no dia 15, partindo muito cedo, temendo não encontrar lugar no ônibus; de fato já havia uma longa fila esperando. Chegando ao lugar, calculei umas 10.000 pessoas já reunidas, vindas em barcas, ônibus, a pé, de bicicleta. O que imediatamente me chamou a atenção foi o fervor religioso do pescadores e o clima geral de alegria. Muitos levavam velas, rosários, imagens sagradas, ou ostentavam medalhas penduradas ao pescoço. Não faltavam os rojões, sinal de alegria em todas as festas chinesas.
Creio que os rosários tinham sido adquiridos em Wenchow, cidade distante uns 360 km e que é famosa pelos "cabeças-duras". isto é, pela indomabilidade dos seus cristãos.
Já faz alguns dias que chove a cântaros; os rios e os canais cheios facilitaram a chegada das barcas, que ainda continuam chegando ininterruptamente. Observo uma numerosa família de pescadores que se aproxima com várias barcas: é um verdadeiro clã com mais de cem pessoas; dizem que partiram de casa no dia 9 de março. Reconheço um moço que chegara a Shangai no dia anterior, não sei de onde. Vêem-se peregrinos que chegam das regiões mais variadas. Pode-se dizer que toda a China está aqui representada.
Subindo a colina, espanto-me ao ver tanta gente. Paro diante da igreja que está na metade da encosta; na pequena praça estão ainda os pedestres onde antes se erguiam as estátuas do Sagrado Coração, de Nossa Senhora e de São José. Diante destes pedestais vazios ardem velas, e o povo reza de joelhos. Toda a colina está coberta de uma multidão orante.
Alguns pescadores construíram uma cruz de madeira e a colocam diante da porta da igreja trancada. Mas, um pouco antes do meio-dia, outros pescadores forçam a porta e abrem a igreja. O seu interior está vazio e cheio de pó. Trinta anos de pó. Um velho perto de mim murmura: "Abrem-se as portas do céu". Creio que deviam estar ali presentes de 5 a 6 mil pessoas. Estavam presentes também a polícia, filiados do partido comunista e membros da Igreja nacional. Olhavam, sem nenhuma interferência. Existia oração, alegria, ordem; via-se claramente que quem comandava eram os pescadores.
Ao meio-dia, como se fosse dado um sinal, estouraram os foguetes, em grande quantidade, festivamente. Relanceei o olhar ao redor e vi a colina toda brilhando com o fogo das velas, com as explosões dos rojões, dando um ar de festa; mas foi também uma outra coisa que me calou profundamente. Estendendo a vista para o ponto mais alto da colina, vi muita gente que subia pelo caminho da via-sacra. Subiam de joelhos, como era costume ali. Em cada um dos lugares, onde antigamente existiam as estações, paravam para rezar. Depois prosseguiam, sempre de joelhos, por grupos. Era um espetáculo impressionante: esta multidão de homens e mulheres, jovens e velhos, formava como que um cordão vivo que chegava ao pico da colina; e, quanto mais passavam mais aparecia o traçado da velha via e o caminho da cruz, e mais repontavam os restos das estações, cobertos pela vegetação.
Chego ao topo do monte. O santuário está intacto e vejo que as portas já tinham sido forçadas. A igreja está cheia; alguém, com tábuas, fez um altar e o cobre com uma toalha branca e coloca sobre ele uma estátua de Cristo e depois uma estatueta de Nossa Senhora e uma fila de velas. Não consigo reter as lágrimas, e vejo também outros que choram perto de mim.
Diante do santuário, está alguém dos "católicos nacionais" que ergue a voz para convidar o povo a ir embora, mas chegam de repente alguns pescadores que com gentileza e decisão mandam-no para baixo. De tardinha desço. Cada barca se transforma em um hotel acolhedor, que convida a gente a passar a noite, de graça e com calor familiar. Encontro-me entre rostos antes nunca vistos e no entanto me sinto em casa. Muitos outros passam a noite em oração, dentro das duas igrejas.
O dia seguinte, 16 de março, é domingo e chega ainda mais gente. Calculo que os peregrinos devem somar uns 40.000. A jornada corre como a precedente, apesar da chuva teimosa. É verdadeiramente um dia de oração, de cantos sacros, de serena alegria. A polícia vê que tudo está em ordem, observa, bate fotografias e não intervém nunca. Passo ainda uma noite numa barca que me hospeda.
17 de março. Subo ainda até a igrejinha que está na metade da estrada. Noto, em frente à cruz do dia anterior, um maço de flores frescas. Sobre os pedestais e perto das paredes foram colocadas outras estátuas diante das quais ardem velas. Uma velhinha recita em voz alta o rosário juntamente com um grupo de pessoas que responde. Aos pés duma imagem está uma família de camponeses, de joelhos, que reza em silêncio, visivelmente comovida. Chega a hora da partida. "Amanhã não será mais assim - diz um motorista de ônibus - pois a festa estará terminada".
No ônibus o povo reza ainda, os cânticos a Nossa Senhora se intercalam com as Ave-Marias, são distribuídas folhas mimeografadas para que todos possam acompanhar.
Olho ao redor de mim e vejo somente rostos felizes. Desde quando os cristãos não têm podido rezar em público! Cantar dentro de um ônibus!? Ao meu lado um velho chora silenciosamente. Não cheguei a ver fatos extraordinários, como luzes no céu ou mensagens, mas para mim esta romaria foi um verdadeiro milagre".
Quem deseja maiores informações sobre a "Igreja do Silêncio" da China, sempre fiel à Roma, visite a seguinte página, em inglês": The Cardinal Kung Foundation
Nossa Senhora de Sheshan,
Rogai por nós que recorremos a Vós!

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