O pecado da ira
EM CONTINUIDADE à nossa série de artigos sobre os pecados capitais,
postado primeiramente no site .ofielcatolico.com.br
Cada um de nós, seres humanos, por nossos próprios méritos, estaríamos irremediavelmente perdidos: todos pecamos e precisamos da Graça de Deus, embora muitos ainda não o reconheçam; – é este o seu maior problema.
Na árvore do pecado, a ira é um galho grande. – Por isso é um dos pecados capitais. – A ira está ligada ao orgulho, que é a rejeição da Soberania de Deus sobre a nossa vontade.
O pecado da ira, na maioria das vezes, é um sentimento de contrariedade por alguma vontade não satisfeita. Vemos que até as crianças, mesmo pequenas, já expressam seu descontentamento quando são contrariadas: batem raivosamente os pés, choram, gritam... Hoje é até comum, horror dos horrores, crianças desferindo socos e chutes nos seus pais.
Deus nos criou dotados de
sentimentos, que são indispensáveis para a vida, mas quando a ira é alimentada
por nossa livre decisão, seja consciente ou não, aí ela resulta em gestos
concretos que fatalmente levarão à dor e ao sofrimento. Gestos dos quais nos
arrependeremos depois, quando poderá ser tarde demais. Quando alimentada, a ira
leva a uma fúria doentia que precisa se manifestar de algum modo, e então acaba
resultando em desrespeito, agressão verbal e/ou física, que pode resultar em
crimes graves; no caso mais extremo, o assassinato.
A
ira, portanto, está ligada mais ao agir do que ao sentir, simplesmente.
Normalmente são as pessoas mais ativas e cheias de desejos que mais sofrem com
a ira. São conhecidas como “pavio curto” ou de "gênio forte". Algumas
são até admiradas por serem “francas” e “sinceras”: não levam desaforo para
casa. Mas a sinceridade não precisa, – e não deve, – vir acompanhada da ira. Se
você alimentar a ira, deixar-se tomar pelo ódio e pelo desejo de vingança, será
capaz de cometer atrocidades que nem poderia imaginar.
O
Livro do Eclesiastes (7,9) condena os que são rápidos em alimentar a ira, que
se esconde no mais íntimo da alma humana. Escrevendo aos efésios, São
Paulo Apóstolo diz que a “ira breve” faz parte da natureza humana,
mas deve ser tratada imediatamente: “Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o
sol sobre a vossa ira” (Ef 4,26). Paulo está citando o Salmo 4: “Irai-vos e não
pequeis; consultai no travesseiro o vosso coração, e sossegai.” (Sl 4,4). Davi
escreveu esse salmo quando seu filho Absalão liderava um motim para tomar-lhe o
reino. O salmo é um pedido de ajuda a Deus diante dessa terrível situação e
também um apelo aos homens, para que refletissem sobre o problema em vez de se
entregarem à ira.
Não
deem espaço para a ira além do necessário, adverte São Paulo. Não deixem a
raiva se acumular para o dia seguinte, e o seguinte a este, e o outro… Ainda na
mesma noite do desentendimento, da sua indignação, da sua dor, você deve
entregar o problema aos Pés do Senhor, e assim procurar perdoar, lembrando-se
que também é falho, que também comete erros, que dá motivos para que o outro se
ofenda. Procurando a serenidade em Cristo, encontrará sossego. “Em paz me deito
e logo pego no sono, porque, SENHOR, só Vós me fazeis repousar seguro.” (Salmo
4, 8)
Nosso Senhor Jesus foi ao centro da
questão e revelou a essência do Mandamento da Lei que diz “não matarás”, quando
disse:
“Ouviste o que foi dito aos antigos: não matarás; e
quem matar estará sujeito a julgamento. Eu porém vos digo: todo aquele que se irar contra seu irmão estará
sujeito a julgamento; quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a
julgamento do Tribunal; e quem lhe chamar: 'tolo', estará sujeito ao inferno de
fogo. Quando estiveres levando a tua
oferta para o altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa
contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro
reconciliar-te com o teu irmão. Só então apresenta a tua oferta. Deixa ali
diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e,
depois, vem e apresenta a tua oferta." (Mt 5, 24)
A
Lei fala do fruto mais extremo da ira: não matarás! Quem evita a ira, por certo
não corre o risco de chegar ao extremo de tirar a vida de alguém. Jesus muda a
perspectiva. O desrespeito pela vida, que leva alguém a matar, nasce na ira,
perde o controle em quem a consente e passa dos insultos verbais e físicos para
as últimas consequências, que arruinarão a vida de muitos, especialmente de
quem comete o ato impensado.
Vencendo a ira
Como
lidar com a ira à luz do Evangelho? Qual a saída para um coração irado? Jesus
nos apresentou duas bem-aventuranças que tornam felizes aqueles que lutam
contra a ira: "Felizes os mansos" e "Felizes os
pacificadores".
Muitos
confundem mansidão com fraqueza. Promover a paz e demonstrar espírito manso
seriam marcas dos perdedores? Não. Verdadeiramente,
a mansidão e a paz são os maiores sinais de força e domínio próprio que um ser
humano é capaz de manifestar. Ser manso não é ser fraco, mas abrir mão de usar
a força. Ser manso é ser maior do que a ira.
A
ira é como qualquer emoção: aparece de maneira involuntária. Você não
"decide" que vai se irar. No entanto, ao sentir a ira, se perceber
que é porque uma vontade sua foi contrariada, aí sim poderá tomar o controle
sobre si mesmo e sobre a situação, e decidir como reagir a esse sentimento
negativo.
Mansidão
não é sinônimo de passividade, mas está diretamente relacionada à humildade. Os
mansos e pacificadores nada têm a ver com os passivos. Moisés foi um dos
maiores líderes da história, e era conhecido como o mais manso e humilde dos
homens do seu tempo (Nm 12,3).
A mansidão não sente necessidade de injuriar os outros. Não possui sentimentos de inferioridade, nem de impotência, e por isso os mansos não precisam lutar por reconhecimento. Submetem suas contrariedades a Deus, que domina o Universo, e logo descansam. Desenvolver um espírito manso é confiar na Promessa de Jesus de que os mansos herdarão a Terra. O Senhor nos convida a aprender a mansidão com Ele, o Cristo de Deus, que foi o exemplo máximo de mansidão; pois, sendo Deus Todo Poderoso, abriu mão de todo Poder e Glória submetendo-se à Vontade do Pai por Amor a cada um de nós. Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus Vivo, tende piedade de nós, que somos pecadores!
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Ref. bibliográfica:
BURNS, John E. Recuperando - se com os Sete Pecados Capitais São Paulo: Loyola, 2004
A mansidão não sente necessidade de injuriar os outros. Não possui sentimentos de inferioridade, nem de impotência, e por isso os mansos não precisam lutar por reconhecimento. Submetem suas contrariedades a Deus, que domina o Universo, e logo descansam. Desenvolver um espírito manso é confiar na Promessa de Jesus de que os mansos herdarão a Terra. O Senhor nos convida a aprender a mansidão com Ele, o Cristo de Deus, que foi o exemplo máximo de mansidão; pois, sendo Deus Todo Poderoso, abriu mão de todo Poder e Glória submetendo-se à Vontade do Pai por Amor a cada um de nós. Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus Vivo, tende piedade de nós, que somos pecadores!
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Ref. bibliográfica:
BURNS, John E. Recuperando - se com os Sete Pecados Capitais São Paulo: Loyola, 2004
como eu já disse nas postagens anteriores este artigo foi publicado pelo site .ofielcatolico.com.br o qual eu recomendo
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