terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Nossa Senhora da Carpição


Nossa Senhora da Carpição

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Existe no município de São José
dos Campos uma capela que todos
 os anos no dia 15 de agosto
atrai grande número de romeiros
 e cujo orago é Nossa Senhora
 do Bom Sucesso, conhecida
 pelo nome pitoresco de Nossa
Senhora da Carpição.
Os devotos, ao chegarem ao local
 da festa, dirigem-se para trás
da capela e com uma enxada retiram
 torrões de terra que amontoam na
praça fronteiriça à Igreja. Muitas vezes,
 ao terminarem as festividades, o volume de terra transportada chega a
 5 metros cúbicos.
O povo acredita que o cumprimento da tradicional cerimônia, ou “obrigação”,
 proporcionará aos devotos de Nossa Senhora da Carpição mais saúde,
bem-estar c felicidade. Daí muitas pessoas levarem um pouquinho da terra,
 que elas consideram sagrada, em lenços e saquinhos próprios.
 Depois de cumprida a “obrigação” os fiéis entram na capela para
acender velas, amarrar fitas nos santos de sua devoção e deixar esmolas.
Conta-nos Alceu Mainard de Araújo que o templo de Nossa Senhora da
Carpição começou com uma simples cruz erguida para assinalar o loca
l onde morreu de desastre um pernambucano desconhecido. O povo
 ali se reunia para rezar, porém na última década do século passado,
 como não havia igreja no bairro do Pernambuco, resolveram transformar
aquela cruz em capela.
Organizaram uma festa com a finalidade de angariar fundos para a
edificação de templo, mas não conseguiram resolver qual seria o santo
 protetor do futuro templo. Entretanto, a primeira coisa que deveria
ser feita era a capina do terreno. Aqueles homens rudes mais piedosos,
 unidos num ideal comum, muniram-se de enxadas e foram limpar a
 área da construção. Eis, porém que durante a capina ouviram um
 grito de um mutireiro. Sua enxada encravara num objeto duro que
 ele julgava ser uma pedra. Qual não foi o espanto dos companheiros
 quando descobriram que a suposta pedra era uma imagem de Nossa
 Senhora do Bom Sucesso.
Religiosamente improvisaram um andor e nele colocaram a preciosa
 descoberta, levando-a para a residência do festeiro. O encontro da
 imagem foi comemorado com alegre cerimônia que se prolongou até
de madruga. Ao terminarem as danças, o dono da casa
percebeu que a santa havia desaparecido. A principio julgou tratar-se
 de uma brincadeira de mau gosto, mas os dias iam passando e a
 imagem não aparecia …
Tempos depois, narrando os estranhos acontecimentos a uns amigos,
 o festeiro levou-os ao local da carpição e ali, com enorme surpresa,
 encontrou a santa no mesmo lugar onde surgira. Pegou a imagem e
levou-a novamente para sua casa e com espanto de todos ela
voltou sozinha ao local primitivo. Ainda uma terceira vez repetiu-se
 o milagre e, então, construíram ali a ermida para abrigá-la.
Finalmente, no dia 15 de agosto veio o padre acompanhado de
grande multidão e dedicou a igrejinha à Virgem do Bom Sucesso. O
 povo da “vizinhança acorreu ao local atraído pela noticia dos fatos
 milagrosos.
As solenidades tiveram Início nos fins do século passado e
desde aquela época apareceu o estranho ritual da carpição, isto
é, a retirada de terra e sua colocação em um montículo defronte
a igreja. O nome “Carpição” passou a designar a festa e
posteriormente a imagem da Vírgem Maria. Este cerimonial continua
até hoje no dia 15 de agosto, apesar de a missa da padroeira ser
 rezada no domingo seguinte à Assunção. A afluência popular
 inicia-se na véspera, quando a santa é levada à casa do festeiro
para ser enfeitada, voltando em seguida acompanhada de enorme
cortejo até a capela de Nossa Senhora da Carpição. No dia
 seguinte à tarde sai a procissão precedida da imagem de São
 Benedito, para “não chover não dia da festa”.
Como em todas as cidades do interior, a festa de Nossa Senhora
da Carpição é realizada à moda popular, com barraquinhas,
quentão, garapa, pipocas, venda de bugigangas e jogos. Os
folguedos animam as festividades que têm seu ponto alto na
hora em que os moçambiqueiros entram na capela para o
beijamento, deixando na porta do templo seus bastões e paiás,
 por serem objetos profanos.
Terminada a procissão, os devotos voltam às suas casas levando
um pouquinho da milagrosa terra da capela de Nossa Senhora da
 Carpição. Eles acreditam que aquela terra cura tudo, desde as
dores de dente e de cabeça até os males do coração, sendo
 benéfica também para evitar pestes que atacam os animais
 domésticos.
Assim o povo, em sua fé pitoresca e simples, reverencia a
Rainha do Céu, a qual aceita misericordiosamente todas as
homenagens que lhe são prestadas com carinhos, humildade e amor.

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